sábado, 29 de agosto de 2009

A odisséia do ser e estar!

E virou moda! As pessoas sentem a necessidade de se corrigir: "Eu não sou pobre, estou pobre! Não sou desempregado, estou desempregado! Não sou solteiro, estou solteiro..."
Que balela!
Vivemos, vivemos, evoluímos, evoluímos, e ainda temos a mesma questão de mais de meio milênio feita por Sheakspeare: "Ser ou não ser, eis a questão!"
Inteligente é o idioma que inventou de juntar os dois ém um só: "To be or no to be..."! Agora diga, alguém precisou cismar se Hamlet quis dizer 'ser ou não ser' ou 'estar e não estar'... Pára!
E pior... já sabemos que ele não teve essa preocupação, mas eis que aqui, pra lá do século XXI, nós ainda nos apegamos a primeira frase; o restante do poema, ficou perdido no ar!!!
As dúvidas iam bem mais além! Sobre a vida, sobre a morte, sobre o sono!
"Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.

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