domingo, 15 de abril de 2012

Nariz de Palhaço


Por favor,
Homem revoltado
Homem ludibriado
Homem usurpado
Homem ignorante
Homem covarde,
Deixa este Nariz aí!
Tira este Nariz do rosto!
Este nariz é do Palhaço.
Faz parte da alma dele.
Não é utensílio dos fracos.
Respeito-o.
Quer protestar?
Vá à luta!
Mostra a tua cara, não a do Palhaço!
quer fazer greve?
Mostra a tua cara, não a do Palhaço!
Quer reclamar do governo?
Quer reclamar dos bancos?
Quer fazer uma revolução?
Quer mudar o mundo?
Mostra a tua cara, não a do Palhaço.
E se conseguires alguma transformação,
Aí sim, o Palhaço te concederá o seu Nariz.
Mas o Palhaço não é esta frouxidão que tu és.
Não te confundas com o nobre Palhaço.
Há muito ele é o condutor da alegria,
da sensibilidade, da liberdade, da emoção,
da docilidade e da verdade também!
E não se ocultas como tu.
Há muito habita o universo mágico da pureza
E por isso é tão sentido pelas crianças.
O Palhaço não é aquele lado teu que foge de medo,
Que não enfrenta a luta e nem se expõe.
Tira esse Nariz, Homem!
E mostra a tua própria cara.
Pode ser que teus problemas comecem a ser resolvidos.
E quem sabe um Palhaço sorrirá para ti?
Se fores um lutador de verdade.


Paulo Roberto Drummond

terça-feira, 10 de abril de 2012

Ser interessante ou ser interesseiro?!


Facilmente rotulamos pessoas como interesseiras. Abrangemos dentro de nossos conceitos duas, três ou quatro atitudes que nos fazem crer que aquele ser faz tudo de cabeça pensada e querendo algo em troca. Ao mesmo tempo, lutamos – diariamente – para nos tornarmos pessoas interessantes e estarmos junto à estas.

Oras?! Se lutamos para ser interessantes não seria meio óbvio trazermos para perto de nós pessoas que sejam interesseiras?

Sobre ser interesseiro ainda há uma outra questão: não seria até vital que tivéssemos uma lista de interesses nesta vida? E que esta lista nos servisse, inclusive, de válvula propulsora de nossas ações? O que me faz levantar todos os dias? O que me faz aturar o chefe? O que me faz ouvir o que não gosto de ouvir? INTERESSE! Interesse num monte de coisas!

Há tempos venho pensando no quanto nos vitimizamos com as diversas situações que a vida nos oferece. Parece que é sempre mais fácil assumir a posição de réu, mesmo declarando aos quatro cantos o quanto abominamos essa postura!

O que acho, portanto, é que se alguém é rodeado por pessoas ‘interesseiras’ é porque abriu campo para isso! Talvez tenha tentado ser interessante em demasia!

Sendo interesseiro e sendo interessante eu vou vivendo. Assumidamente! Sim, não me acanho mais uma vez em assumir que sou interesseiro! O que me resta, no entanto, é descobrir dentro de mim o quanto isso é saudável e o quanto pode me prejudicar!

Hoje, mais do que pensar em ter pessoas interesseiras por perto ou não, busco estar junto de pessoas que me completem dentro de meus interesses.

Pra cada Havaiana tem um pé e pra cada macaco há um galho!

terça-feira, 3 de abril de 2012

O juízo do julgamento!


Quantas vezes ouvimos 'Lá vem você me julgando de novo...'? E sempre que ouço isso fico me culpando por ter tirado conclusões precipitadas sobre qualquer tipo de coisa!


E por que julgar passou a ser item pecaminoso na lista das coisas feitas pelas pessoas boas? Em que momento julgar passou a ser pecado?

O julgamento está diretamente relacionado à verdade. Julgo por aquilo que acreditei ser a verdade, a verdade que criei dentro de conceitos, preceitos e valores, certo? Certo!

Então, tendo ciência de que vou procurar sempre as melhores verdades (ou aquelas que me tornam uma pessoa melhor) será que é assim tão mau explorar essa veracidade?

A verdade do EU acaba justamente onde começa a verdade do OUTRO, e vice-versa (por mais ordinário, triste ou contraditório que possa soar esse 'vice-versa').

Oras, a gente julga o tempo todo! Nosso próprio nascimento foi uma grande vítima de um julgamento: nossos pais julgaram (ou não, em vários casos!) que era a hora de aumentar a família e mandar mais um 'bacuri' pro mundo afora. Julgaram se era a hora, se tinham condições, se daria certo ou errado, e enfim: se você está lendo este texto é certeza que seus pais julgaram um sim nesta hora e jogaram fora a ideia do chá de buchinha ou até mesmo do Citotec (dê graças à Deus, amigo!)

Por muito tempo foram os seus criadores (os pais ou não) que foram julgando aquilo que era correto ou errado, e - direta ou indiretamente - colocando pequenas fagulhas no seu vademecum jurídico mental! Pronto! Você se tornou gente e já era hora de começar a consultar os seus livrinhos cerebrais, pôr este juiz onipotente pra dar as marteladas e passar a também julgar!

E queira ou não queria, amigão, você está o tempo todo julgando, desde a hora que acorda! Ao decidir se vai sair de sapato ou tênis, de calça ou bermuda, sair com Pedro ou com o João você julgou! Julgou o que era melhor para si, para o mundo e para o convívio entre ambos.

Julgou a sua verdade!

Lá no comecinho deste post relacionei o julgamento com a VERDADE, lembra? Pois é! Julgo por que sou de verdade, tenho verdade e quero verdades!

É certeza que os julgamentos serão corretos, errados, meio certos e meio errôneos! O que me basta, neste momento, é estar o tempo todo de cabeça aberta para julgar e poder voltar atrás neste julgamento. Perdoar, me perdoar e acreditar!

Honoré de Balzac, aquele das balzaquianas, sabe? Então, ele dizia que "não devemos julgar as pessoas que amamos." para ele "o amor que não é cego, não é amor!" Por sorte o cabra se foi no meio do século XIX e não precisamos mais acreditar nessa marmelada, né?

O amor que tenho dentro de mim (e que coloco pra fora) não é cego, é são!